No início do campeonato, o Flamengo era o time a ser batido. Até aquele dia, tinha ganhado tudo o que disputou no ano e vinha numa sequência de 18 jogos sem perder. Mas só até aquele dia.
(9/8/2020 – 1ª RODADA – Flamengo 0x1 Atlético-MG — Foto: Mario Alberto)
Muitos acharam que a derrota para o Atlético-MG tinha sido um evento à parte. Afinal, 1 a 0 com gol contra não quer dizer tanta coisa. No entanto, a traumatizante saída de Jorge Jesus começou a ganhar formas mais problemáticas com as ideias propostas por Domènec Torrent.
Depois de uma amarga lanterna, o Rubro-Negro iniciou uma recuperação e conseguiu quatro pontos em quatro jogos. Mesmo assim, continuou na zona de rebaixamento. E como se não bastasse, ao mesmo tempo o maior rival ocupava a liderança do campeonato.
Mantendo a média de um ponto por jogo, ninguém entendia o que tinha acontecido com o todo-poderoso time multicampeão. Teria ele perdido o foco durante a pandemia?
O respiro veio quando conseguiu manter uma série de sete jogos sem derrotas, sendo cinco vitórias. Depois de ajudar o time a dar um salto até o G4, parecia que o novo treinador ganhava respeito.
Sem seus principais arqueiros, o Flamengo tinha pela frente um dos fortes candidatos ao título. Foi o momento que Hugo Souza cresceu e mostrou qualidade para ocupar a vaga de primeiro goleiro.
A partir daí o time não saiu mais do G4 e conseguiu vitórias contundentes em cima de grandes times. Tudo parecia voltar ao normal, mas por quanto tempo?
Depois de ser goleado pelo São Paulo na última rodada do primeiro turno, o returno começou com uma nova derrocada. Desta vez, Domènec Torrent não foi poupado e deixou o clube.
Com Rogério Ceni no comando, o time ganhou um novo gás e conseguiu se manter na disputa. A superação teve que vir de várias maneiras, inclusive contra agressões verbais, como as que Gerson sofreu.
Nas últimas edições do Brasileirão, o Tricolor Paulista foi um dos clubes que o Flamengo mais teve dificuldade de vencer. A distância entre eles era tão grande que o título nem parecia uma possibilidade.
Depois de uma reviravolta na parte de cima da tabela, o Flamengo não somente perdeu a chance de assumir a ponta como deixou o então líder Internacional ampliar a vantagem para quatro pontos.
Num jogo adiado, o Rubro-Negro viu surgir a chance que precisava para poder sonhar novamente. Com os pontos somados, aquela distância para o líder não parecia tão grande assim.
O tropeço do líder Internacional era a chance que faltava para assumir a ponta. Bastava uma simples vitória. Só que as mãos do goleiro Cleiton não permitiram ao Rubro-Negro ganhar asas.
Depois de uma classificação embaralhada, a briga parecia mesmo estar apenas entre dois clubes.
O São Paulo estava na jogada, mas só um milagre seria capaz de mantê-lo na briga.
Era agora ou nunca. Ou o Flamengo vencia ou entregava a taça ao Colorado. Faltando dois jogos para o fim, veio a tão sonhada posição.
Mas nada estava decidido. Faltava o jogo derradeiro. Pela frente, não tinha sarrafo baixo para nenhum dos dois times.
O Campeonato Brasileiro não tem uma Final, é verdade. Este fim de campeonato, no entanto, foi um dos mais emocionantes de todos os tempos.
Texto por Fabio Penna
Matéria: GloboEsporte.com